As cervejas do estilo pilsen – claras, leves, límpidas e refrescantes – são as mais vendidas em todo o mundo. Tanto no Brasil e nos Estados Unidos quanto em lugares de tradição cervejeira milenar – Alemanha, Bélgica e Inglaterra –, as marcas mais vendidas são pilsen. Desses países, apenas na Alemanha a marca campeã é puro malte – por exigência legal.
A predileção pela pilsen data de meados do século 19, quando o estilo foi criado, época em que o padrão de consumo de cerveja passava por mudanças radicais. Até o século anterior, todas as cervejas eram escuras e encorpadas; o consumidor, em geral da classe trabalhadora, as considerava um alimento – como uma sopa.
No início do século 19, surge na Inglaterra a pale ale – estilo que, por algumas de suas características, é precursor. O malte mais claro da pale ale (“ale pálida”) só pode ser criado devido às inovações tecnológicas daquela época: a secagem indireta em fornos de coca (um subproduto do carvão mineral) não torrava nem queimava o cereal.
Muito mais leve, amarga e refrescante do que outras cervejas da época, a pale ale conquistou de imediato a elite inglesa, que passou a bebê-la em ocasiões sociais. O amargor mais forte fez sucesso porque esse sabor já estava na moda: nas capitais europeias, o grande programa dos ricos era sair para beber chá ou café – duas novidades no século 19.
Naquele tempo, outra inovação seria crucial para a evolução da cerveja: as ferrovias que já interligavam os principais pontos da Europa, transportando rapidamente pessoas, produtos e informação. Os moradores do Continente – em especial os alemães – adoraram a novidade inglesa e buscaram replicá-la.
O bávaro Joseph Groll, a serviço de uma cervejaria na cidade de Plze? (na Boêmia, que hoje pertence à República Checa, mas era parte do mundo germânico), criou em 1842 a cerveja clara, leve e refrescante – mas com o fermento lager, tipicamente alemão – que conquistou o mundo. Por causa de sua origem, o estilo foi chamado pilsen, pilsner ou pils.
A fama da pilsen logo rompeu as fronteiras da Boêmia e conquistou o resto do mundo em questão de poucos anos. Confira a seguir como a pilsen foi interpretada em cada região do planeta:
ALEMANHA
Deu origem aos estilos german pils, helles e dortmund export, todos feitos com puro malte (uma exigência legal)
BÉLGICA
As cervejas claras como a strong golden ale nasceram de uma demanda do mercado por algo leve e refrescante como a pilsen. O consumidor belga, entretanto, preferia bebidas mais alcoólicas: assim, acrescentou-se açúcar às receitas, para aumentar a potência (até 10% de álcool) sem acrescentar corpo (densidade) à bebida. No século 20, marcas de pilsen como a Jupiler e a Stella Artois se tornaram as mais vendidas no país.
ESTADOS UNIDOS
Os imigrantes alemães que chegaram em meados do século 19 se puseram prontamente a fabricar cerveja. Eles queriam reproduzir a pilsen europeia, mas a variedade de cevada dos EUA, muito rica em proteínas, resultava em uma bebida turva e muito encorpada. A solução encontrada foi a adição de milho e/ou arroz para dar leveza à cerveja. O novo estilo, batizado american lager, é praticamente igual à pilsen brasileira.
BRASIL
Nossos imigrantes alemães também chegaram no meio do século 18. Desde o início eles produziram a pilsen com milho, pois o malte de cevada era muito caro e difícil de se encontrar. As marcas mais tradicionais do Brasil – Bohemia (1843), Antarctica (1885) e Brahma (1888) sempre tiveram o ingrediente na receita.
JAPÃO E CHINA
As pilsen asiáticas têm paladar seco e limpo. Muito abundante, o arroz sempre fez parte da receita.
ÁFRICA
O malte de sorgo é geralmente usado em alguma proporção – de até 100% – na produção da pilsen.
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